Diocese de Caxias do Sul reúne o clero para refletir sobre a Campanha da Fraternidade 2025


O clero da Diocese de Caxias do Sul esteve reunido, nesta terça-feira, 26 de novembro, no Centro Diocesano de Formação Pastoral para um momento formativo sobre  a Campanha da Fraternidade 2025. No próximo ano, a Igreja no Brasil irá refletir sobre o tema “Fraternidade e Ecologia Integral”, a partir do lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

O encontro de formação, direcionado para o clero da Diocese, seminaristas, candidatos ao diaconato permanente, religiosos e coordenadores de pastorais, contou com a assessoria do secretário executivo de campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Jean Poul Hansen, e da bióloga e doutora em botânica Juçara Bordin, que atua como professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.

Durante a oração, em sintonia com o lema da Campanha, foram colocados elementos da criação no ambiente. De algo seco, sem vida, passou a ter água, e árvores. É desse cuidado com a vida, com toda a criação, é que a Campanha da Fraternidade quer chamar a refletir.

Abrindo as partilhas da manhã, o padre Anesio Ferla, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de Caxias do Sul, e membro da equipe nacional das Campanhas da Fraternidade, fez um panorama geral sobre os temas da CF, destacando que, ao longo das seis décadas, oito edições foram relacionadas à ecologia. Ele abordou a encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, de 2015, retomada pelo Pontífice na Exortação Apostólica Laudate Deum, de 2023, como um grito por uma resposta à crise climática. Em 2025 será a nona Campanha sobre a ecologia.

Logo depois, o padre Jean Poul Hansen expôs que o tema da Campanha da Fraternidade foi proposta pela Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da CNBB em 2022, tendo sido aprovada em fevereiro de 2023. Dentre as motivações está, justamente, a celebração dos 10 anos da Laudato Si’, primeira expressão do Magistério integralmente sobre ecologia e que, através da Laudate Deum, o Papa Francisco, de modo inédito na Igreja, exorta a retomada desse tema já publicado.

Dentre as outras motivações para a CF 2025 estão: a celebração dos 800 anos do Cântico das Criaturas, composto por São Francisco. Também é motivada pela realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes) – COP30, na Amazônia, em oposição às últimas feitas em países cuja economia principal são os combustíveis fosseis.

Após, a doutora em botânica Juçara Bordin destacou que a biodiversidade está relacionada com todas as formas de vida, na qual o homem é uma das milhões espécies. Foi trazida estatísticas sobre os países mais “megadiversos”, sendo que o Brasil, sozinho, representa 20% da biodiversidade mundial. Foi abordado, ainda, sobre o impacto das ações humanas no mundo, como o aumento do desgelo na Antártica, a poluição, seja dos incêndios ou das águas, esta última causando 80% das mortes nos países pobres, além de aumentar os índices de insegurança alimentar.

Ao final, um questionamento foi feito: “o que podemos fazer pela criação?” Dentre as soluções estão, nesta ordem, a redução (do uso de energia, do consumo de água, de combustíveis fósseis), a reutilização (de sacola plásticas, o uso do mesmo copo, de embalagens retornáveis, a conscientização do consumo consciente de roupas, …), e a reciclagem (papel limpo, vidro e plástico, embalagens cartonadas, …).

Encerrando a formação da manhã, o padre Jean Poul fez a síntese do que foi apresentado. Ele ressaltou que o texto-base da CF passou por várias comissões da CNBB, sendo revisado por teólogos especializados, e que além do texto-base há subsídios disponíveis para serem trabalhados na catequese e nas escolas, por exemplo.

Na segunda parte da formação, à tarde, o padre Agenor da Rocha, pároco das paróquias Santa Teresa, em Santa Tereza, e Santa Bárbara, em São Valentim do Sul, compartilhou sobre o drama que as comunidades sofreram com as enchentes, tanto de 2023 como deste ano, e como o dinheiro das doações foram empregados. A irmã Cecília Berno, da Congregação das Irmãs de São José, apresentou os testemunhos de famílias de Caxias do Sul, que precisaram sair de suas casas ante o risco de rompimento da barragem, e como a Igreja acolheu e ajudou, inclusive financeiramente, estas pessoas.

Após, o padre Leonardo Inácio Pereira, coordenador diocesano de pastoral, fez uma prestação de contas sobre as doações recebidas pela Diocese, destinadas ao auxílio às pessoas afetadas pelas chuvas.

Finalizando o encontro, o padre Jean Poul apresentou a dimensão do “agir” do texto-base, a qual culminou em uma dinâmica sobre como cada comunidade pode viver a Campanha da Fraternidade. Entre as sugestões, estão o envolvimento da catequese e a conscientização ecológica a partir das crianças, nas escolas, bem como a entrega de mudas, e o plantio de árvores em áreas que foram alagadas pelas enchentes ou que sofreram deslizamento de terras. Também foi ressaltada a necessidade de levar a temática da CF para a esfera pública, buscando parcerias com as prefeituras, câmaras municipais e conselhos.

Colaboração do seminarista Lucas Marcarini
Pascom da Paróquia Cristo Rei

Escrito em 27/11/2024
Vânia Trois