Aqui é Meu Lar: Vinícola Silvestri chega a quarta geração elaborando vinhos no Vale Trentino no limite entre Caxias e Farroupilha


Em 1888 inicia a história da família Silvestri no Brasil, com a chegada de Giuseppe Silvestri, vindo da Itália. Ele recebeu parte do Lote Rural nº 42, Linha Julieta, Colônia Sertorina, 1º Distrito de Farroupilha. Hoje a localização é na Avenida Luiz Franciosi Sério, 8700, Vale Trentino, mesmo local de origem. Calcula-se que em 1895, após se casar com Maria Guerra, Giuseppe, iniciou a implantação de seus vinhedos, produzindo vinhos para consumo próprio. Ele teria morrido aos 40 anos de idade e deixado a esposa viúva com seis filhos, sendo que o primogênito tinha dez anos e o caçula, seis meses.

Por volta de 1925, com o objetivo inicial de aumentar a renda familiar, Ernesto Silvestri, um dos seis filhos de Giuseppe Silvestri, iniciou a elaboração de vinhos na Vinícola Silvestri. No porão da casa, começou produzindo aproximadamente oito mil litros, que eram vendidos para a Vinícola Rio Grandense, cuja pipa foi preservada ao longo dos tempos e se encontra na propriedade. Com o passar dos anos, Ernesto e um grupo de amigos fundaram a Cooperativa Vitivinícola Forquetense, que passou a comprar vinhos. Também se encontra no parreiral videiras centenárias, oriundas dessa época.

E a sucessão foi acontecendo a cada geração, na terceira geração, em 1967, com a implantação de novos vinhedos, José Antônio Silvestri, filho de Ernesto, neto de Giuseppe, resolveu aumentar a vinícola, com a construção de um novo espaço ao lado da casa, aumentando a produção anual para 150 mil litros. O vinho era comercializado a granel e engarrafado pelos compradores. Ernesto teve dez filhos, quem seguiu a atividade na propriedade foi José Antônio, que se casou em 1970 com Lorita Bonetto Silvestri, hoje com 76 anos de idade. José morreu em janeiro de 2024, com 83 anos.

Novo Tempo

Um dos filhos de José Antônio e Lorita, Edgar Silvestri, mantém a Vinícola em atividade, ele é bisneto de Giuseppe. Ele conta que quando seu pai ficou sozinho na propriedade, vendendo vinho a granel, em caminhão pipa, ele ainda era muito jovem. Ocasião em que seu pai o incentivou estudar Enologia, o jovem se matriculou no Curso Técnico em Bento Gonçalves, no Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia. Portanto, Edgar, alia à tradição a arte familiar na elaboração de vinhos coloniais às técnicas modernas de Enologia. Formado em 1999, Edgar e a família Silvestri começou a engarrafar e comercializar seu próprio vinho, no ano de 2000. Edgar conta que posteriormente percebeu que a empresa tinha potencial para criar a própria marca.

Ele entende que foi o necessário para a família se posicionar no mercado, embora a produção e venda a granel, é muito mais viável em relação ao custo. Tal processo, não precisa de peças de engarrafamento, basta produzir e entregar para terceiros. No entanto, o envaze exige mais mão-de-obra, envolvimento, equipamentos e os itens para o engarrafamento do líquido. Também não exige que alguém esteja à disposição para venda e atender pedidos e receber o clientes final, inclusive abrir a Vinícolas nos feriados e finais de semana.

Mas a família estava determinada a mudar o método, passa a elaborar vinhos finos, comprando um pequeno volume de uvas de terceiros, como merlot e taná, que completados com a produção própria de cabernet e moscato, o líquido é engarrafado. Para a elaboração de vinhos de mesa, a uva vem do próprio parreiral, com bordô e niágara, para a produção de vinho tinto seco tradicional, que é  misturado também com a uva isabel e bordô, além da utilização da variedade lorena. A produção conta ainda com a elaboração de vinhos da uva rosada, assim como vinhos suaves. A Vinícola também está entrando nos mercados de suco, chopp de uva e espumante moscatel, através de parcerias.

Edgar lembra que é uma empresa familiar pequena e por isso trabalha com a produção em uma escala menor, visando também não fugir das características da Vinícola, que produz em média anual 100 mil litros de vinhos. No entanto, ele explica que é necessário deixar uma reserva de vinho nos tanques para suprir a demanda na entressafra. A uva é produzida em uma área de aproximadamente dez hectares que rende anualmente uma média de 150 mil quilos. Mais da metade da venda dos produtos acontece no local, embora atenda as praças de Porto Alegre e algumas fora do estado. Edgar projeta que o próximo passo é investir no turismo, porque tem percebido que a venda direta é um sinal de que esse processo tem futuro para a Cantina.

Em fim, a Vinícola está há 24 anos elaborando e engarrafando vinhos, mas a história real inicia com a chegada de Giuseppe, que já produzia vinhos e guardava em uma pipa na propriedade. O varejo da Cantina está no porão onde tudo começou, onde ali ainda se encontram peças, quadros, móveis e utensílios da primeira geração e que com o passar dos anos, novos equipamentos foram sendo agregadas, ou seja, além das garrafas expostas no local para a venda, o mesmo pode ser considerado um museu da família.

No momento a Vinícola é cuidada pela família, Edgar, o irmão Evandro e mãe Lorita. Nos últimos seis meses passou a se integrar no grupo a esposa de Edgar, Marciane Signori Silvestri, que formada em Contábil, por 13 anos teve um estabelecimento comercial em Farroupilha. Desativou o negócio para ajudar na Cantina, após convite do marido, já que se trata de uma empresa familiar. Ela conta que faz de tudo na empresa, mas atua preferencialmente na parte financeira. O responsável administrativo é Edgar, enquanto seu irmão cuida do parreiral. Edgar e Marciane, são pais da Eloisa Silvestri, que por ser adolescente ainda, sua atividade é estudar.

Marciane vislumbra o turismo como uma nova fonte de renda, pois com a reativação do projeto turístico Vale Trentino, a empresa como uma das associadas, está habilitada a receber os turistas e usufruir de suas benécias. Ela imagina oferecer o Vale para os clientes que já vão à Cantina comprar os vinhos. “Então a gente só quer agregar algumas coisas a mais para que essa pessoa que vem, se sinta acolhida e que sinta que aqui é um lugar onde começou a história de toda a família Silvestri. Então a gente procura manter essa tradição e manter justamente essa história para as pessoas verem o quão importante é cultivar essa história”, acredita.

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Galeria de fotos: Rafaela Vargas e José Theodoro

Escrito em 17/10/2024
Zé Theodoro